Tutti Baê entrevista o músico e executivo de entretenimento Roberto Verta

Como é a rotina de um executivo de entretenimento?

Um dos aspectos mais emocionantes do nosso trabalho é justamente ter uma rotina que, por não seguir um padrão diário, talvez nem possa ser chamada de rotina. Não é como ir a um escritório todos os dias. Às vezes você está num estúdio de gravação ou de TV, ou em reuniões com seus clientes, entre eles os artistas, profissionais de produção, parceiros promocionais e de mídia. Enfim, não há tédio e não há um dia igual ao outro! Será que é tudo maravilhoso todos os dias? É claro que não e muitas vezes quando você fica na estrada com um artista estrangeiro por 10, 15 dias, a vida pessoal pode ficar em segundo plano. De qualquer forma, pode ser uma vida muito gratificante se você ama o que faz.

Você trouxe para o Brasil importantes artistas internacionais, tais como Madonna, Lady Gaga, U2, Kiss, Metallica, Coldplay, e muitos outros. Como foi a experiência de trabalhar com grandes estrelas?

Tive a oportunidade de trabalhar com esses e outros artistas durante meus anos na Time for Fun. Quando se trabalha com um artista internacional, que só vem ocasionalmente ao nosso mercado, você passa a ter uma visão mais próxima das razões que fizeram deles grandes astros, e isso é muito esclarecedor. Dos mencionados, Madonna, Kiss e Metallica, por exemplo, chamam a atenção pelo nível de profissionalismo e pela preocupação com o aspecto “espetáculo”, enquanto U2 e Coldplay pelas preocupações com os princípios filosóficos e musicais deles, que vão além do espetáculo e que trazem uma carga emocional a mais. Kiss e Metallica tratam seus fãs maravilhosamente bem e o Coldplay tem um clima bastante informal. Em outros casos, como Nirvana e Oasis, por exemplo, você vê a história do rock sendo escrita na sua frente! Em todos os casos mencionados, foram grandes shows e tenho muita sorte por ter contribuído de alguma forma para que eles acontecessem no Brasil.

O que tem te chamado mais atenção recentemente no cenário musical?

Penso que o Brasil, um país altamente musical e com grandes talentos, vive um momento em que o mercado pop é bastante focado em poucos gêneros musicais em detrimento ao rico aspecto multi-dimensional da cultura brasileira. Hoje em dia se você não está no mercado sertanejo, no funk carioca ou no mundo gospel (abrangendo vários gêneros), é bem provável que você, como músico, tenha problemas em ascender às mídias de massa e ao público em geral. Isso é uma grande pena porque o rock, a MPB, o hip hop, a música nordestina e outras cenas regionais, sempre foram bastante prolíficas e tem gente boa em todos os cantos do Brasil.

Sabemos que você está fazendo um novo CD e que tem um novo parceiro. Fale um pouco desse projeto para gente.

Fazer música pra mim é uma forma de me manter conectado com minha primeira paixão e aquilo que me definiu como pessoa e, consequentemente, como profissional. Tenho um projeto, chamado Bombshake, que é um grande caldeirão das nossas influências, que, de tão vastas, são até difíceis de definir em poucas palavras. Então, acho que fazemos um som com influências que vão de Mutantes a Nine Inch Nails, tomando como pano de fundo e catalisador, os instrumentos eletrônicos. Meu parceiro no Bombshake é Richard Kraus, com quem tive a banda Harry nos anos 80 e 90 e com quem me entendo musicalmente muito bem. Nosso disco sai em 2016, se tudo correr bem.

Como o Roberto artista lida com o Roberto executivo e vice versa?

Acho que você precisa, antes de mais nada, ter paixão por aquilo que faz, então, em ambas as situações, procurar fazer bem é o que importa. É óbvio que o artista às vezes precisa de um pouco do senso de objetividade do executivo e o executivo precisa ser um pouco artista, ter criatividade e entender o outro artista, para não virar um chato!!

Que dicas você pode dar para novos artistas e bandas?

Às vezes artistas novos me pedem conselhos e é difícil dar uma dica que sirva para todos. Porém, o que é comum a todos nós que queremos fazer música ou viver dela é o seguinte: com o avanço das tecnologias, tudo ficou mais fácil: gravar um disco é incrivelmente mais simples do que sempre foi e lançar um disco hoje em dia significa que você tem o mundo como mercado em função das redes sociais e do universo de possibilidades que elas oferecem. Por outro lado, ser encontrado nesse incrível mundo novo de música nova, é como achar uma agulha no palheiro. Então, tentando resumir um assunto que é bem complexo, acho que a verdade do seu trabalho é o que importa: seja você mesmo, tenha autocrítica e trabalhe duro. É um mundo nada fácil, mas as recompensas pra quem ama a música de verdade podem ser enormes!

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One comment on Tutti Baê entrevista o músico e executivo de entretenimento Roberto Verta

  1. Mário Sérgio Falcaro

    Parabéns mais uma vê pelas pelo nível das entrevistas e dos entrevistados. É muito gratificante fazer parte dessa família. Bj a todos.


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